quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Expresso do Meio-Dia

Bilbao 9 graus. Nublado. Previsão de chuva mais tarde. Frio seco. Gorro, luva, protetor labial, creme para as mãos, para a ponta do nariz, cachecol, meia calça, duas camisetas, malha e um casaco para neve. Tá bom ou precisa mais?
O primeiro lugar que parei para fotografar foi a Praça Frederico Moyúa. As cores das flores alegravam o cinza do dia. Em frente, um edifício militar e um soldado fortemente armado. Eu, do outro lado da rua, inocentemente fotografando. Quando atravessei, ele me chamou e me fez mil perguntas. Pediu para ver tudo que eu havia fotografado. Apaguei as imagens.
Ele: Quero ver seus documentos.
Eu: Tenho cartão de crédito, serve?
Ele: Cartão de crédito não é documento.
Eu: Pensei num plano B que nem deu tempo de formatá-lo.
Ele: Quero seu passaporte.
Eu: Está no hotel.
Ele: Você tem que sair com seu documento.
Eu: Estou indo ao museu.
Ele: Você sabe que eu posso te levar para a "delegacia"
Eu: Estou indo para o museu.
Eu: Se quiser pode ligar no hotel para confirmar.
Ele: Falou mais um tanto para me assustar.
Eu: Como é mesmo que eu faço para chegar até Guggenheim?
Eu: Tudo o que eu queria era pedir desculpas e sair.
Ele: Me explicou o caminho.
Eu: Saí de fininho com as pernas bamboleando.
Esperei anos para conhecer o museu e seria desta vez, em língua basca ou euskera, cheia de "x", "k",e "U", que iria atrasar o meu compromisso? Não mesmo!
Porisso, pense muitas vezes antes de fotografar uma flor e enquadrar nas suas fotos um militar. Isso vale para todo país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário