"nada a declarar. a não ser que estou cansado e sem escudos. que depois que você foi embora, os deuses ficaram mudos.
que as borboletas voaram pra outros mundos e eu fiquei só.
só eu e os meus cadernos, à mercê dos mais profundos invernos... nada a declarar!
a não ser que eu estou cansado e sem horizontes.
que depois da sua partida, os amigos se debandaram aos montes dizendo o quanto fiquei chato e intragável.
e quando até o automóvel se nega a dar partida, repito comigo mesmo: coisas da vida... vai passar! a droga, é que nunca passa.
o foda, é que tudo perdeu a graça (vale acrescentar!).
vale acrescentar que cada vez que bato à porta da alegria, ela grita de longe: passa outro dia! tá tudo muito escuro.
sequer o futuro acredita num claro despertar ... ficamos então combinados: vou dormir com mais este maço de desagravos e se por acaso acordar do meio deste pesadelo, peço desculpas a ele. viro de lado e digo: coisas da vida, amigo... pode continuar!"
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